RESENHA – PAULO RICARDO (BAR OPINIÃO, PORTO ALEGRE, 15/11/2019)

Foto: Alex Vitola
Nesta sexta-feira (15), o cantor PAULO RICARDO trouxe para a capital dos gaúchos a sua turnê “Rádio Pirata: 35 anos Ao Vivo”, que celebra o aniversário de lançamento do disco mais aclamado do RPM, sua antiga banda, o “Rádio Pirata: Ao Vivo”. Com produção da Opinião Produtora, o espetáculo solo do cantor, trouxe todos os elementos que fizeram o sucesso do show original.
Antes mesmo das 20h, o público já lotava o Bar Opinião. Assim que o telão em frente ao palco começa a subir, a multidão a plenos pulmões entoa o grito de guerra da noite: “Revolução, revolução”. É neste clima que PAULO RICARDO e seus músicos de apoio surgem em meio a um belo jogo de luzes e lasers.
Com o teclado dando o tom, “Revoluções Por Minuto” abre o show, seguida por “Alvorada Voraz”, que foi executada com sua letra original, e a dançante “Louras Geladas”. O público, composto em grande parte por maiores de 35 anos, mas nem por isso menos animados, assistia ao espetáculo extasiado. Ninguém contesta o lado frontman de PAULO RICARDO, mas algo que quase nunca é citado e pelo qual o músico merece crédito, é sua competência como baixista. Empunhando seu clássico baixo Steinberger Headless, Paulo não traz nenhuma performance avassaladora, mas cumpre muito bem o seu papel, com linhas precisas e bem sacadas, mantendo a cozinha da banda afiada.
O músico fala sobre aquele clima de medo de uma guerra nuclear entre EUA e URSS que pairava sobre os anos 80, dando a deixa para a “Estação do Inferno”, com luzes em vermelho e laranja que encaixam perfeitamente com o contexto da letra.
Eis que a calmaria aparece com a belíssima “A Cruz e a Espada”, seguida por “Sob a Luz do Sol”, “Pr’Esse Vício” e a densa e carregada de emoção, “Juvenília”. O legado da RPM é muito forte, apesar de poucos discos lançados, suas canções são marcantes ao ponto de serem cantadas de cor, mesmo três décadas depois.
O clima oitentista segue com “Liberdade/Guerra Fria”. Após, PAULO lembra da música que fazia sucesso em versão pirata e praticamente obrigara ao grupo a lançar o álbum que agora, 35 anos depois é revisitado pelo cantor, estamos falando de “London London”, música de CAETANO que catapultou o RPM ao estrelato absoluto. Neste momento o show é pura emoção, impossível não sentir a magia da década em que essa canção tocava sem parar na maioria das rádios de música Pop do país.
Após a chuva de palmas, PAULO lembra da importância que a direção de NEY MATOGROSSO teve para o show original. Em seguida, a homenagem aos Secos e Molhados, banda que NEY fez parte em sua formação clássica, com “Flores Astrais”. Aqui não podemos deixar de falar mais uma vez da iluminação, com seus tons de azul e um feixe de laser sobre PAULO RICARDO, totalmente espetacular. Sem dúvidas, um dos pontos altos da noite.
O show segue com a clássica instrumental, “Naja”, e realmente é impossível não lembrar do tecladista e membro fundador do RPM, o grande LUIZ SCHIAVON. Não que a execução tenha ficado abaixo do esperado, mas é que a canção é uma marca registrada do músico original.
A festa volta a ficar animada com a introdução rápida de “A Fúria do Sexo Frágil Contra O Dragão da Maldade” e, em seguida, talvez o maior sucesso já composto pela antiga banda de PAULO RICARDO, “Olhar 43”. O grupo se despede e saí do palco, mas o público não vai embora. Os gritos de: “Revolução, revolução”, voltam a tomar conta do local, e então, a banda retorna para o bis.
PAULO agradece a produção e os veículos de comunicação que divulgaram e apoiaram o evento e informa que a próxima música é o tema do reality show que já vai para sua vigésima temporada na televisão brasileira, o famigerado Big Brother Brasil, “Vida Real” e seu famoso refrão que trouxe o RPM para o século XXI surgem e animam a multidão.
Então para encerrar definitivamente a noite, é a vez dela, a canção que dá nome ao disco e a tour, “Rádio Pirata”. Aquele riff reconhecido nos primeiros segundos, seguido pelo teclado marcante, põem a casa para dançar. Os jovens senhores e senhoras ali presentes, por certo, viajam direto para adolescência e aquele sentimento ingênuo, mas sincero, de tentar mudar o mundo. “…Toquem o meu coração, façam a revolução…”, bom acho que isso aconteceu naquele momento, em cada indivíduo que se encontrava no Bar Opinião.
A banda se despede, o público grita e aplaude, PAULO RICARDO aperta as mãos de todos que consegue alcançar da ponta do palco, joga a toalha que carregava em seus ombros para a plateia e se encaminha para o camarim. A noite acaba provando que o show, a princípio encarado como saudosista, na verdade ainda é um espetáculo forte, intenso e muito divertido, mesmo 35 anos depois. Talvez até deveria ter seus conceitos analisados para servir de inspiração aos artistas atuais que deixam a desejar na experiência estética que suas apresentações proporcionam.

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